É bastante comum corredores se queixarem de uma dor aguda na região na canela, como se fosse uma fisgada. Depois de uns 15 minutos insistindo na corrida, ela misteriosamente desaparece, mas assim que você termina o treino ela volta a incomodar, às vezes até pior. O gelo e o repouso, muitas vezes até amenizam, mas depois de um tempo a dor começa a ficar insuportável, e você tem que ficar um tempo de molho. E após melhorar com a inatividade, ao voltar, sente de novo. Essa historinha lhe é familiar? Pois bem: esses sintomas casam com o que é popularmente chamado de CANELITE, que é o nome popular da síndrome de estresse do medial tibial ou periostite medial de tíbia, que é uma inflamação do principal osso da canela, a tíbia, ou dos tendões, músculos e periósteo (que é a fina membrana que envolve o osso) da tíbia, podendo confundir ou mesmo se tornar fratura por estresse. Corredores e ciclistas, jogadores de futebol e outros estão entre os mais acometidos.
Isso acontece porque existem alguns movimentos do corpo durante a corrida que são associados à canelite. Enquanto esses movimentos inadequados não forem descobertos e tratados, a canelite nunca estará totalmente curada e pode voltar.
A canelite pode ocorrer também em virtude da fraqueza dos músculos dos membros inferiores (daí a importância da musculação ou outros treinos de força), o encurtamentos dos músculos da panturrilha e o excesso de treinos no asfalto ou concreto também judiam bastante a região. Para quem tem a chance de correr em outros pisos, como terra batida ou grama, aproveite. O concreto chega a ser seis vezes mais severo para os tecidos da tíbia que o asfalto. O asfalto, por sua vez, é três vezes mais severo que a terra batida. A grama é ainda mais macia e diminui significativamente o risco de inflamação na tíbia.
São vários os fatores podem desencadear a síndrome:
- Alterações da pisada, principalmente a pronação dos pés (pisada em que o pé “cai para dentro”);
- uso de calçados inadequados (na dúvida, dê preferência a tênis neutros, mas o ideal é sempre procurar um especialista);
- contração excessiva do músculo sóleo (um dos músculos da panturrilha);
O tratamento de fisioterapia envolve desde a escolha do tênis correto, a crioterapia (gelo), aparelhos e técnicas para controle da inflamação e cicatrização da região lesionada, alongamento da panturrilha, e fortalecimentos musculares específicos. À medida que a pessoa melhora, o fisioterapeuta vai liberando progressivamente, controlando a progressão de volume e intensidade junto ao treinador.
A prevenção envolve a escolha do tênis correto para você e até o uso de palmilhas feitas sob medida. Troque o tênis de corrida sempre após, no máximo 600 km, aí você deixa ele pra usar na musculação ou outras atividades até mesmo de lazer.
O aumento de volume gradual de treino e, principalmente, de velocidade também faz parte. Procure sempre um treinador! Inicialmente, corra uma menor quilometragem e o faça sobre superfícies mais macias. Inclua corrida em piscina ou outra atividade física complementar.